sábado, 16 de maio de 2009

Vamos Celebrar (Oswaldo Montenegro)

Eu gosto de andar pela rua
bater papo, de lua e de amigo engraçado
Eu gosto do estilo do Zorro
o visual lá do morro e de abraço apertado
Eu gosto mais de bicho com asa
mais de ficar em casa e mais de tênis usado
Eu gosto do volume, do perfume
do ciúme, do desvelo e do cabelo enrolado
Eu gosto de artistas diversos
de crianças de berço e do som do atchim
Eu gosto de trem fora do trilho
de andar com meu filho e da cor do marfim
Tem gente, muita gente que eu gosto
que eu quase aposto que não gosta de mim
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar... Vamos celebrar
Eu gosto de artista circense
de astista que pense e de artista voraz
Eu gosto de olhar pra frente
de amar pra sempre o que fica pra trás
Eu gosto de quem sempre acredita
a violência é maldita e já foi longe demais
Eu gosto do repique do atabaque
do alambique badulaque do cachimbo da paz
Eu gosto de inventar melodia
da palavra poesia e de palavra com til
Eu gosto é de beijo na boca
de cantora bem rouca e de morar no Brasil
Eu gosto assim do canto do povo
e de tudo que é novo e do que a gente já viu
Eu gosto é de cantar
Eu gosto de atores que choram ali por nós
e namoram ali por nós na TV
Eu gosto assim de quem é eterno
de quem é moderno e de quem não quer ser
Eu gosto de varar madrugada
de quem conta piada e não consegue entender
Eu gosto da risada gargalhada
da beleza recriada pra que eu possa rever
Eu gosto de quem quer dar ajuda
e acredita que muda o que não anda legal
Eu gosto de quem grita no morro
que a alegria é socorro e que miséria é fatal
Eu gosto do começo do avesso
do tropeço do bebum que dança no carnaval
Eu gosto é de cantar
Eu gosto é de ver coisa rara
a verdade na cara é do que gosto mais
Eu gosto porque assim vale a pena
a nossa vida é pequena e tá guardada em cristais
Eu gosto é que Deus cante em tudo
e que não fique mudo morto em mil catedrais
Eu gosto é de cantar

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um texto com mais de 200 anos

Extraí esse testo Do livro Os Irmãos Karamazov, escrito por Dostoiévski em 1879-80, e incrível como continua valendo para os nossos dias.


“Para renovar o mundo, é preciso que os homens por si mudem de caminho. Enquanto cada um não for irmão de seu próximo, não haverá fraternidade. Nenhuma ciência e nenhum interesse ensinarão os homens a repartir pacificamente entre si as propriedades e os direitos. Cada um achará que lhe coube um quinhão muito pequeno e todos murmurarão, invejar-se-ão e se destruirão uns aos outros. O senhor pergunta quando teremos o paraíso sobre a terra. Isso sucedera, mas só depois que terminar o período do isolamento humano.
- Que isolamento?, perguntei.
Ele reina por toda a parte, principalmente em nosso século, mas ainda não terminou, porque não é chegada a hora. Atualmente, cada um aspira a separar sua personalidade das outras e deseja sentir em si a plenitude da vida, mas, em vez de atingir esse objetivo, os seus esforços levam-no ao suicídio total, pois em lugar de afirmação de sua personalidade, fazem-no cair num isolamento completo. Em nosso século todos se dividiram em unidades. Cada um se isola em sua toca e esconde-se com seus pertences; desse modo, afasta-se de seus semelhantes e afasta-os de si. Acumula riqueza completamente só, pensando: “Como sou forte agora e como estou garantido!” Ignora o insensato que, quanto mais acumula, tanto mais se abisma numa impotência fatal. Ele se habituou a confiar unicamente em si, apartou-se da coletividade, acostumou sua alma a não crer no auxílio dos homens nem na humanidade e treme só com a idéia de perder o seu dinheiro e os direitos conseguidos. Por toda a parte, hoje em dia, o espírito humano começa a esquecer-se ridiculamente de que a verdadeira garantia do indivíduo não consiste no seu esforço pessoal e isolado, mas na solidariedade humana. Contudo, virá um dia em que terá fim esse terrível isolamento e todos compreenderão de uma vez o quanto contrária à natureza era a sua mútua separação. Admirar-se-ão de que, por tanto tempo, permanecessem nas trevas, sem ver a luz. Então aparecerá no céu a imagem do Filho do Homem. Mas, até esse dia, é preciso manter alto o estandarte e dar o exemplo, tirando a sua alma do isolamento, para aproximar-se dos irmãos, mesmo com o risco de ser tomado por louco.”

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Talvez eu seja poeta.

Talvez eu seja um poeta recalcado,
Que se deixou esfriar pela hiprocrisia alheia
Que deixou de sonhar diante das dificuldades
Que deixou de amar pelas decepções
Que deixou de escrever por vergonha de si mesmo
Que deixou de rimar por falta de alegria na alma.
Que se deixou derrotar pela vida.
Talvez eu seja um poeta e não nego, que não escrevi, que não vivi, que murchei dentro de mim mesmo e deixei de acrescentar ao mundo palvras que fazem sonhar, sorrir, viver e amar.
Sou poeta mas não amei por fraqueza.
Fui fraco confesso, mas decidi mudar.
Ainda que não leiam minha poesia.
Ainda que não me amem como gostaria de ser amado.
Ainda que não veja meus sonhos realizados.
A ilusão da poesia irá invadir minha alma e me transfomar em alguém que ficou escondido através dos anos atrás de uma geleira.
O amor perfeito talvez seja utópico demais, mas vou continuar sonhando.
Por que mesmo que eu descubra que não vale a pena esperar pelo amor perfeito, vale a pena sonhar a cada dia com ele, e assim transformar esse amor em atitudes, e com essas atitudes atingir as pessoas e dessa forma deixar uma marca em suas vidas que as faça lembrar que um dia elas conheceram alguém que viveu, amou e se realizou.

Onde está Deus?

A cada domingo, a cada reunião, a cada congresso, encontro, ou seja, lá, como se chame, tenho feito uma pergunta para mim mesmo, aonde está Deus?

Sempre escutei que onde estiverem dois ou três reunidos Ele ali estaria.
Porém as músicas que estão sendo cantadas o mostram tão distante
Tão ausente
Tão desinteressado
Que preciso gritar, preciso pedir, preciso ordenar, preciso declarar para que Ele venha ao meu auxílio.
Quantos atos proféticos terei de realizar para alcançar o favor de Deus?
Onde Ele está?
Se preciso me sacrificar tanto para alcançá-lo
Se preciso me esforçar pelo seu amor
Se precisar pagar pela sua benção
Onde está Deus nas grandes catedrais?
No ajuntamento da multidão que busca em um homem mortal a palavra que mudará a vida, enquanto a Bíblia continua empoeirada em cima de um móvel qualquer.
Nunca se falou tanto de Deus, e Deus nunca foi tão ausente.
Presente só a emoção na canção, na pregação. Porém distante do coração, no dia a dia, na vida.
Milagre! Precisamos de um milagre! Não o que cura o corpo. Não o que cura o bolso.
Mas no entendimento, para que possamos entender que o evangelho é tão simples, que logo veremos que não é esse que tem sido oferecido.

Sola Scriptura

Sou uma farsa

É difícil assumir, mas após alguns devaneios que cometi na minha vida não me resta muita vaidade escondida, e isso acaba facilitando a me tornar alguém mais transparente e assumir o meu papel de farsante.

Transformei minha vida numa grande farsa.
Acreditei em projetos megalomaníacos de que poderia conquistar uma cidade.
Me tornei um farsante utilizando a Bíblia para respaldar tudo o que pensava
Busquei a benção de Deus utilizando os momentos de fraqueza de meus irmãos.
Se fosse possível enganaria o meu pai para que a benção fosse minha, assim como fez Jacó.
Manipulei pessoas fazendo-as a acreditar que tudo era para Deus.
Utilizei lágrimas para provar minha espiritualidade.
Utilizei capacidade intelectual para convencer as pessoas da unção.
Fiz meu casamento parecer belo, para galgar mais alguns degraus eclesiásticos.
Me esforcei no trabalho para ser promovido, para mostrar a benção de Deus sobre minha vida.
Entreguei os dízimos apenas com o interesse capitalista de receber mais de Deus.
Participei de campanhas na igreja apenas porque eu deveria ser um referencial para as outras pessoas.
Fazia de tudo o que parecia bom aos olhos humanos esquecendo-me de que precisava agradar a Deus.
Me comportava de acordo com os padrões estabelecidos pela igreja com medo da inquisição moral que poderia sofrer, e para não ficar “queimado” perante meus líderes, preferi abdicar de expressar o que pensava e sentia.
Os anos passaram, conquistei posições, conquistei respeito, conquistei prestígio, porém perdi minha alma.
Me tornei de doce aparência , porém por dentro estava amargo. Estava amargo porque não vivia mais a vida que queria, havia me tornado uma farsa, para agradar a familiares, amigos, líderes e até desconhecidos.
Me tornei uma farsa a cada tentativa de me tornar onipotente.
Troquei lindos sonhos por apenas lentilhas.
Aprendi que nada disso valeu. Que Deus estava por trás dos bastidores apenas esperando para que eu percebesse que estava errado.
Por isso confesso, eu sou uma farsa.
Mas apelo para a misericórdia de Deus para que a sua graça me alcance novamente.
Sola Scriptura

quarta-feira, 18 de março de 2009

Metade (Oswaldo Montenegro)

(Mais um texto que eu adoraria ter escrito)

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Sejam apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância.
Por que metade de mim é a lembrança do que fui,mas a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia a outra metade é a canção.
E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Às vezes canso

Às vezes canso de viver por causa dos infortúnios

Às vezes canso de amar por causa das desilusões com as pessoas

Às vezes canso de sonhar pela falta de mudança

Às vezes canso de cantar, por falta música

Às vezes canso de trabalhar por falta de reconhecimento

Às vezes canso de sorrir por falta de alegria

Às vezes canso de chorar por achar que não vale a pena

Às vezes canso de brigar por falta de forças

Às vezes canso de beijar por falta de paixão

Às vezes me canso de muita coisa mesmo, mas ainda não cansei de recomeçar.

sábado, 7 de março de 2009

Jacó: o padrão da espiritualidade atual

Olhando para as igrejas atuais, percebo alguma semelhança com as atitudes de Jacó. Sei muito bem, que Jacó nunca foi um indivíduo exaltado nas igrejas, muito pelo contrário sua fama sempre foi ruim, e nunca ouvi uma pregação que o exaltasse. Mas infelizmente nossas atitudes continuam sendo parecidas com as atitudes desse homem.

Eu sempre vi Jacó como alguém que recebeu o nome de suplantador (levar vantagem em tudo, ser superior, dominar, humilhar) um verdadeiro enganador. A história de Jacó foi a de um homem que sempre brigou a sua vida inteira.

Jacó cresceu ouvindo seu pai falar sobre um Deus todo poderoso, que haveria de abençoar o filho primogênito, que cumpriria as promessas dadas na vida do filho quando ele o abençoasse. Jacó era o que podemos chamar de filho de crente, criado num lar cristão com ensinamentos cristãos.
Dessa forma Jacó aprendeu que havia um padrão pré-estabelecido para que a benção o alcançasse, que algumas atitudes suas poderiam mudar o curso da história, que se as regras fossem seguidas Deus estaria com ele. E foi nessa busca que Jacó focou sua vida buscando a máxima aproximação de Deus através de ações premeditadas.

E analisando bem, não tem sido isso os ensinamentos das igrejas?

Quantas regras de comportamento são nos dadas para que venhamos a caminhar mais perto de Deus, quantos crentes cheios de conceitos e regras vivem dentro das igrejas, achando que o seguimento de determinadas normas de condutas o levarão a um nível de espiritualidade maior. Quanto planejamento da vida espiritual é realizado como se planeja uma carreira executiva. Quantos obreiros são consagrados porque se comportaram conforme o padrão da denominação durante determinado período de tempo.

Todos esses conceitos criados para se estar mais perto de Deus foram feito também por Jacó, que apenas seguiu as regras para se tornar mais espiritual, seguiu para ser um “obreiro” na igreja, seguiu para avançar na escala de espiritualidade. Quanto tempo nós perdemos seguindo regras criadas não sei por quem para nos tornarmos mais espirituais aos olhos humanos.
Vivemos no tempo da graça ou no tempo da lei? Se a graça é um favor imerecido de Deus, o que posso fazer para agradá-lo? Não existe absolutamente nada que o homem por si só possa fazer que consiga agradar a Deus seguindo determinadas regras, era pra isso que a lei servia, para provar a incompetência humana. Mas infelizmente iniciou-se um evangelho “homocêntrico”, onde tudo parte do homem, tudo é para o homem, e Deus passou a ser conseqüência de tudo o que vivemos. Porque falamos do céu como um alvo a ser alcançado e não como conseqüência de um relacionamento que teremos com Deus.

E assim vamos vivendo um evangelho segundo Jacó.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Eu sei mais não devia (Marina Colasanti)

EU SEI QUE A GENTE SE ACOSTUMA. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá pra almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos. E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa. E a fazer filas para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir as revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e a ver comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. A contaminação da água do mar. A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar, se perde de si mesma

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Livros que valem a pena ler em 2009.

A Cabana - Willian P. Young (Uma excelente respostas para os religiosos de plantão que vivem dando respostas vazias aos mistérios da existência)

Os Miseráveis - Victor Hugo (Para quem tiver paciência de vencer suas mais de mil páginas, um excelente clássico da literatura)

Dom Quixote De La Mancha - Miguel de Cervantes (Outro livro que é necessário ter paciência, outro clássico da literatura que além de engraçado nos dá uma grande lição de vida)

Maravilhosa Graça - Phillip Yancey (Para quem nunca entendeu o que significa a graça de Deus)

Deus sabe que sofremos - Phillip Yancey (Para os que vivem buscando resposta para todos os problemas da vida)

Crime e castigo / Os irmãos Karamazovi - Dostoiévski (disseca a alma humana nos mínimos detalhes)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A doença de Jesus

De todas as características que Jesus possuía a que mais marcou a sua vida foi o amor. O seu amor O fez lutar contra um sistema corrupto e idólatra, o amor às pessoas o fez tocar em leprosos, perdoar pecados, ressuscitar mortos, quebrar regras sociais. Ele “sofria” de uma doença chamada ÍNTIMA COMPAIXÃO e, por isso, Ele não se importava com a Sua própria vida pois a Sua compaixão O movia em direção a todos: os necessitados, os aflitos, os deprimidos, os doentes. Ele amava a todos, os bons e os maus. Ele amou aqueles que gritaram para crucificá-Lo. Amou os guardas que O torturaram. Amou os líderes religiosos que O invejavam. Amou os soldados que O cravaram na cruz. Amou aqueles que debochavam Dele enquanto seu corpo sofria dores de câimbra. Amou até mesmo os dois ladrões que estavam ao Seu lado, ainda aquele que não O reconheceu. Ele tinha íntima compaixão de todas as pessoas, dos ricos e dos pobres, dos são e dos doentes, dos pecadores e dos religiosos, Ele amou a todos sem distinção.
E por sofrer dessa “doença”, Cristo não só marcou a história, mas a dividiu, suas atitudes iniciaram a maior revolução que a humanidade já vivenciou, a Revolução do Amor. É disso que o mundo está carente, de pessoas que amam como Jesus amou. O mundo não precisa de mais políticos, de mais pensadores, de mais líderes religiosos, o mundo precisa de amor. Se queremos mudar a história da nossa vida, da nossa família, da sociedade, de nosso país, nós devemos “sofrer” de íntima compaixão pelas pessoas.
É disso que o mundo está carente. Chega de pregarmos um evangelho utópico. Chega de prometermos aquilo que Jesus nunca prometeu. O mundo não está precisando de mais uma nova revelação, não está precisando de mais Apóstolos, Bispos ou cargos eclesiásticos similares, o mundo não precisa de políticos evangélicos para moralizar o congresso ou senado, o mundo precisa de uma igreja que saia da teoria religiosa que cega e aprisiona as pessoas.

O mundo precisa de uma igreja que ame incondicionalmente. Uma igreja que pratique a Lei de Deus: “ Ame a Deus e ao próximo como a si mesmo”. Esse é o verdadeiro evangelho.

Sola Scriptura

A fé na corda bamba

Após alguns anos como membro de igreja e outros como obreiro passo por um momento de ostracismo, onde revejo meus princípios e valores. Algumas pessoas alegam que estou desviado, outras que estou confuso e até já me falaram que estou mesmo é doente. Assim sendo segundo a opinião alheia não sei o que tenho, mas independente disso vou expor o que vi e ouvi nos últimos anos:


Muito pouco tenho escutado sobre a importância da cruz na vida de uma pessoa, sobre o plano da salvação, sobre a graça, o perdão de pecados, a reconciliação com Deus, em sumo tudo aquilo que Cristo fez pelo homem ao morrer na cruz do calvário.

Muito pouco escutei alguém falar que os apóstolos sofreram por amor ao evangelho, quase nada escuto sobre Hebreus 11 – Os heróis da fé, que sofreram e até morreram por amor ao evangelho.

O que muito tenho escutado segue abaixo:

* Pregações de auto-ajuda, onde o pregador procura associar o evangelho a uma vida melhor (é preciso sempre ler sobre a vida dos apóstolos para se ter certeza do que é a verdade).

* Palavras de vitória, onde todas as dificuldades da vida serão solucionadas por um passe de mágica por Deus.

* Como realizar quebra de maldições, isso sempre se utilizando os textos do antigo testamento. Não sou especialista nisso, mas se acredito em maldição então terei que acreditar que tudo o que está escrito no Antigo Testamento é válido para a vida da igreja atual?

* Lembro-me quando era criança que só existiam pastores e esses andavam pelo meio da igreja conversando com os membros. Atualmente existem vários títulos (bispos, apóstolos, reverendo, até bispas – pelo amor de Deus não assassinem a língua portuguesa o correto é episcopisa, e etc.). E com alguns são tratados como verdadeiros artistas, outros são idolatrados. E algumas denominações o líder fundador tem poder papal, isso é, tudo o que diz vira lei, não pode ser contrariado ainda que todos vejam que está errado, isso é acreditar na infalibilidade humana. Na minha bíblia Deus utilizou uma jumenta pra ensinar ao profeta, o que quero dizer é que Deus usa quem ele quer e quando ele quer o mérito nunca foi e nunca será nosso.

* Eu não sabia que tantos textos bíblicos serviam para justificar a entrega de dízimo, oferta e algo mais. A partir dessa data vou passar a anotar todos os textos que são citados na hora do ofertório.

* Eu também não sabia que Deus passa a ter obrigação comigo a partir do momento em que eu entrego uma oferta especial ou até mesmo o meu dízimo. Numa linguagem financeira. Quando dou oferta ou dízimo, Deus passa a ser meu DEVEDOR. Logo eu posso cobrá-lo sobre essa dívida! Ele tem a OBRIGAÇÃO de me pagar. Não seria isso uma indulgência pós-moderna onde se tenta vender as bênçãos? (Como era realizado antes da reforma)

Com isso faço algumas perguntas?

O que as igrejas fazem com o dinheiro arrecadado? Evangelismo através da televisão? Construção de templos suntuosos? Campanhas políticas? Depois do Bispo Crivela que apareceu na mídia fazendo campanha para o miserável interior do nordeste brasileiro o que mais foi feito? Quantas pessoas seriam ajudadas se ao invés de programa de televisão ou templos se comprasse comida para quem tem fome? Estamos falando em milhões de reais gastos mensalmente. Sem contar que não se fala mais em missionários dentro das igrejas, ou quando se fala a quantia enviada para eles é irrisória comparado ao que é arrecadado.

Nunca tivemos tanta representatividade nos órgãos governamentais de evangélicos e o que efetivamente mudou no nosso país?


Analisando um quadro desse, minha fé fica como numa corda bamba, oscilando sobre o que acreditar quando escuto esses “pregadores” assumindo o papel de verdadeiros oráculos de Deus. Se não tivesse aprendido em casa o verdadeiro evangelho acho que já teria sido seduzido por alguma religião ocidental.

Que Deus tenha misericórdia de nós.

Sola Scriptura

Reinauguração

Existem textos que leio que adoraria ser o seu autor, mas infelizmente nem sempre isso é possível, é o caso desse texto de Carlos Drumond de Andrade.

Entre o gasto dezembro e o florido janeiro,entre a desmistificação e a expectativa, tornamos a acreditar, a ser bons meninos,e como bons meninos reclamamos a graça dos presentes coloridos. Nossa idade-velho ou moço-pouco importa.Importa é nos sentirmos vivos e alvoroçados mais uma vez, e revestidos de beleza,a exata beleza que vem dos gestos espontâneos e do profundo instinto de subsistirenquanto as coisas ao redor se derretem e somem como nuvens errantes no universo estável. Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos os olhos gulosos a um sol diferente que nos acorda para os descobrimentos. Esta é a magia do tempo. Esta é a colheita particular que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante,no acreditar na vida e na doação de vivê-la em perpétua procura e perpétua criação. E já não somos apenas finitos e sós. Somos uma fraternidade, um território, um país que começa outra vez no canto do galo de 1º de janeiro e desenvolve na luz o seu frágil projeto de felicidade.

Estou desviado

Estou desviado de um evangelho triunfalista que prega que a partir de um propósito passo a ter crédito com Deus e que a minha vida nunca mais será a mesma.
Estou desviado de um evangelho sem graça (sem alegria), que mede as pessoas pelo que elas tem.
Estou desviado de um evangelho implacável, pois não perdoa aqueles que pecam.
Estou desviado de um evangelho sem graça (sem o favor imerecido), que engrandece homens com títulos e honras porque são considerados imaculados.
Estou desviado de um evangelho que só prega o engrandecimento de denominações.
Estou desviado de um evangelho que motivacional, onde é o maior “barato” ir para a igreja.
Estou desviado de um evangelho que possui louvor repetitivo.
Estou desviado de um evangelho onde os pastores são megaempresários.
Estou desviado de um evangelho que promete muito mais do que pode dar.
Estou desviado de um evangelho que mostra um Jesus vitorioso e nunca o Jesus humano que chorou.
Estou desviado de um evangelho que despede o povo com fome, porque a ação de cidadania se transformou num “curral eleitoral” de seus candidatos.
Estou desviado de um evangelho que se politizou porque o Brasil precisa de representantes do povo de Deus para defender a verdadeira fé cristã.
Estou desviado de um evangelho que só prega a prosperidade, mas esqueceu de anunciar que temos que tomar a nossa cruz e seguir.
Estou desviado de um evangelho que só incha, sem transformar as vidas.
Estou desviado mas continuo caminhando rumo ao calvário, aonde morreu um carpinteiro chamado Jesus.

Procura-se um Pastor.

Estou à procura de um Pastor conforme descriminado abaixo:

Procuro um Pastor que se preocupe com as ovelhas
Que goste de conduzir as ovelhas
Que goste do cheiro de ovelha
Que caminhe comigo uma até duas milhas sem se cansar.
Procuro um pastor que vai atrás da centésima ovelha,
E não a deixa morrer sozinha, porque Deus entregou a ele uma obra muito maior, ou porque ela era uma ovelha complicada mesmo.

Procuro um Pastor que seja simples.
Não um Pastor pop star, que ao acabar o culto se cerca de seguranças até o seu gabinete.
Procuro um Pastor que caminhe no meio da multidão
Que não se preocupa em aparecer na mídia, nem nos debates.
Procuro um pastor que não queira aparecer em grandes congressos para pregar, mas que queira pregar por amor as almas sem se preocupar com a oferta que vai receber ou com quantas pessoas estarão na reunião.

Procuro um pastor que se preocupe mais com as almas do que com a estrutura
Procuro um Pastor que não esteja envolvido em construir uma grande catedral para a sua denominação, que reconheça que quando uma simples alma se converte há uma festa no céu.
Procuro um pastor que ande no meio do povo, e não apenas no meio da elite.
Que não faça culto para os empresários, ensinando a eles como ficarem mais ricos, após claro darem uma oferta generosa para a igreja.

Procuro um Pastor que não use o púlpito para fazer campanha política
E muito menos use a Bíblia para justificar o envolvimento da igreja com a Política
Que não use a sua igreja como curral eleitoral para eleger aqueles que interessam a ele ou a uma denominação

Procuro um pastor que abrace, que chore, que sorria, que sofra.
Que seja sincero, seja simples, seja amável.
Que seja humano e não super herói
Que não esteja preocupado em converter o mundo inteiro
Mas se esforce para conduzir com dedicação aqueles que fazem parte do seu rebanho
Que não venda bênçãos, nem muito menos milagres.
Que não seja legalista, mas me ensine somente a amar.
.
Que não seja triunfalista, que não prometa uma vida sem derrotas, sem doenças, sem problemas, mas que me ensine a confiar em Deus no meio da adversidade.
Que me ensine a viver baseado em Hebreus 11 para que talvez consigamos receber o título de homens e mulheres dos quais o mundo não era digno.

Se você encontrar esse Pastor por aí
Diga a ele que o estou esperando
Para minha vida ele pastorear
Talvez ele se surpreenda que junto comigo
Uma multidão ele irá encontrar


Sola Scriptura

Quem sou.

Sou alguém que foi criado por Deus livre,
E que por isso pensa livremente, descompromissado em ter que agradar a quem quer que seja.
Livre de pensamentos que criam um Deus manipulável através de esforços pessoais.
Livre da religiosidade que acorrenta milhares de seres assustados com a sua existência e que por isso se submetem a regras humanas que os aprisionam.
Livre de ideologia de que não posso mudar. Sou mutante, sou inconstante, sou apenas um aprendiz na escola da vida.
Livre da opinião alheia, daqueles que sabem exatamente o que devo fazer da minha vida, mas que não conseguem resolver seus conflitos pessoais.
Livre dos conceitos e pré-conceitos de qualquer facção política, religiosa, ideológica, ou de qualquer grupo de pessoas que se unam para criar a sua verdade.
Creio somente na verdade de que Deus me ama, e que para que isso aconteça, nada do que eu possa fazer poderá mudar.
Assim vivo a plenitude da graça de Deus, independente do que dizem ou pensam sobre mim.
E dessa forma vou vivendo, lutando, construindo e conquistando apesar de todos os percalços da vida.
Plagiando o apóstolo Paulo: Esquecendo-me das coisas que para trás ficaram, sigo para o alvo....
Sola Scriptura.